Maria Eduarda, a mulher que faz de um tudo com Python.
O que te motivou a ingressar na área de tecnologia?
Quando eu era criança eu sempre dizia que queria ser professora, só não sabia de que área, mas queria. No Ensino Fundamental II eu descobri que eu amava matemática, até hoje eu não sei ao certo o que me fez descobrir isso, mas eu enxerguei a beleza dessa área pelas aulas das minhas professoras e pelo sentido que eu encontrava diante os números. Foi quando eu uni as duas coisas: queria ser professora e gostava de matemática, então eu queria ser professora de matemática.
Com o tempo essa vontade só foi aumentando, comecei a participar e me engajar muito em Olimpíadas do conhecimento da área de ciências exatas e da natureza, o que me fez me aproximar bastante do ambiente acadêmico ainda durante o período escolar. Minha primeira premiação foi na Olimpíada Campinense de Matemática (OCM), então tudo me levava a ter uma grande certeza de que esse era o meu caminho.
Com o passar dos anos chegou o Ensino Médio e toda a loucura que ele carrega junto. Até então eu não havia ponderado muito sobre outros outros caminhos, pois eu tinha gente muito incrível que me apoiava nas minhas decisões e não me parecia confortável olhar fora disso, mas tudo deu uma pequena mudada quando eu cheguei no último ano do Ensino Médio.
Quando estava no 3° ano comecei a refletir sobre outras possibilidades, muito motivada pelas dúvidas que o momento trás e por inúmeros fatores que estavam acontecendo naquela época. Foi quando lá do meio para o fim do ano um pessoal de uma universidade particular da cidade foi fazer um convite na escola para participar de uma feira de profissões com Workshops dos cursos oferecidos, um deles Sistemas de Informação, que é um curso da área de TI.
Lembro que perdi o prazo de inscrição, mas um colega meu conseguiu contato com um pessoal e eu fui fazer esse workshop. Entrei naquela sala muito curiosa, eu não tinha muito contato com a área de TI, não tinha aula de informática na escola, mas eu não sabia o quanto ela poderia ser apaixonante.
O workshop era nada mais nada menos que uma introdução à linguagem Python, então eu meio que posso falar que Python também me puxou para Computação! A cada linha de código que eu escrevia eu me sentia maravilhada, eu sentia que aquilo ali era poderoso, era criativo e poderia ser uma ferramenta para transformar o mundo. Naquele dia eu saí daquela sala decidida de que eu tinha uma nova opção.
Quando chegou o momento, eu coloquei Ciência da Computação como minha primeira opção de curso e Matemática Bacharelado na segunda e estava decidida de que meu compromisso em Computação era apenas de um período, se eu não me identificasse, só havia outra saída, que era o que eu sempre tinha tido como opção.
Por fim, digo que eu me comprometi tanto com aquele período que não saí mais do curso. A cada aula, a cada coisa nova que eu aprendia mais eu me sentia parte da Ciência da Computação e é isso que me faz continuar todos os dias nessa área.
PS: Peço publicamente desculpas a meu professor de matemática do ensino médio por não ter atendido às expectativas e não ter pulado para matemática, mas Computação é um golpe baixo para quem ama ciência.
Quem é você de forma pessoal?
Eu gosto muito de música, de ouvir, de tocar violão, infelizmente não sei cantar, mas não me importo muito com os ouvidos das pessoas da minha casa e canto mesmo assim.
Também gosto muito de estar com as pessoas que tenho laços, conversar e estar com meus amigos (principalmente se vier acompanhado de cinema e comida).
E, não menos importante, eu tenho um hobbie especial: aperrear o meu gato. Esse eu faço todo dia e sempre que posso.
O que você mais gosta de fazer dentro da área de tecnologia?
Já me aventurei por algumas opções, mas até o momento as áreas que mais me fascinaram foram a Ciência de Dados, principalmente Inteligência Artificial com um carinho muito especial pela Visão Computacional, e o desenvolvimento web, principalmente front-end, gosto bastante de brincar com React.
Além disso, tudo que envolve Python costuma me agradar, eu gosto bastante de fazer pequenas aplicações com Python, motivadas pela preguiça, sempre faço uns scripts para evitar que eu faça um mesmo processo duas vezes.
Como descobriu o que queria fazer?
Acredito que experimentando mesmo, visto que eu não tinha muita experiência e conhecimento antes de entrar em Computação, fui conhecendo esse mundo meio que de uma vez na universidade, então comecei a testar possibilidades e aprender as tecnologias e as ferramentas que eu tinha curiosidade, algumas fui gostando, outras amando, outras não quero mais ver na minha frente.
Pode fornecer dicas técnicas da sua área de estudo/atuação?
Vou julgar minha área de atuação aqui como sendo estudante, pois sempre falo que ainda tenho muito o que aprender. Então, as dicas que dou para qualquer pessoa que esteja buscando aprender qualquer coisa é buscar, agarrar possibilidades de Workshops, mini-cursos, principalmente com a intenção de absorver conhecimento e, claro, conversar com pessoas que compartilham dos mesmos gostos e estudos que você e trocar esses conhecimentos. E uma coisa muito importante é mostrar seus resultados, seus avanços, compartilhar isso é muito legal para você e para que as pessoas também consigam te alcançar.
Há algo que você gostaria de dizer para mulheres que querem em iniciar na área de tecnologia e para as que já são da área?
A todas as mulheres que querem adentrar na área de tecnologia eu adianto que as comunidades de apoio aqui dentro são maravilhosas e vão fazer de tudo para te acolher! Além disso, para se inspirar e encontrar motivação eu aconselho que procurem sobre a história da computação contada pela atuação das grandes mulheres que a moldaram e também de outras mulheres na ciência (indico inclusive o livro que Íris me presenteou e hoje vive sempre pertinho para me dar forças, “As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo“), mas também sobre mulheres que vêm atuando na área de TI e produzindo conteúdos de divulgação científica muito bons na área, como Nina Da Hora, Kizzy Terra (Programação Dinâmica), Camila Achutti, Mila Laranjeira e Vivi Mota (Peixe Babel). E, claro, ignorem comentários idiotas, não deixe que pessoas tentem colocar você em uma caixinha, quem diz o lugar que quer estar é você e saiba que você tem todo potencial de mudar o mundo em qualquer que seja sua escolha.
Para as que já estão aqui nesse barco eu quero primeiramente dizer que cada uma de vocês me inspira e me faz não desistir, ver o sucesso de vocês é uma bomba de força. Uma área que está mudando o mundo precisa de agentes da diversidade, precisa de cabeças que pensam a favor dos seus semelhantes e nós temos um grande papel aqui dentro, por isso eu não quero ser uma mulher na computação, eu quero ser MAIS UMA mulher na computação, porque todas nós juntas aumentamos esse poder de mudança dentro e fora da TI.
Como se sente sabendo que sua presença na área de tecnologia pode inspirar alguém?
Acredito que ser parte de uma fatia de representatividade, mostrar para outras pessoas seu lugar de atuação e chamar mais pessoas como você para compor essa fatia é uma sensação muito boa de manutenção desse espaço que a gente faz parte, por isso eu acho que é uma responsabilidade muito grande, não de uma forma ruim, mas de uma forma que todas nós, mulheres na TI, temos esse potencial de inspiração e de fortificação, seja dentro ou fora da área.
Há algum projeto ou participação que você quer divulgar?
NossoPy (Um repositório para aprender Python): https://github.com/MariaEduardaDeAzevedo/nosso-py
Detector de máscaras (Projeto de Visão Computacional para detectar se uma pessoa está ou não portando uma máscara): https://github.com/MariaEduardaDeAzevedo/detector-de-mascaras
Detector de cores (Projeto de Visão Computacional para reconhecimento de cores evidentes em imagens): https://github.com/MariaEduardaDeAzevedo/classificador-de-cores
Site do Elas@Computação (Um projeto lindo de uma comunidade linda que eu tiveo prazer de estar presente no desenvolvimento! Fica o link para mais pessoas conhecerem!): https://elas.computacao.ufcg.edu.br/
Contato:
